terça-feira, novembro 17

Meus devaneios... Quem precisa de saúde?

O Brasil, nosso imenso e obscuro país, passa por um novo processo de modificações. Pasmem! Quando me refiro a modificações, não estou fazendo alusão a melhorias ou a honrosas homenagens, me refiro a distorções de valores básicos, e familiares.

Tenho me preocupado bastante com o rumo que a nossa saúde está tomando, as pessoas estão comercializando o único bem que é impossível de se comprar ou vender... A vida! Vejo, a cada dia, os hospitais cheios de doentes, tanto doentes físicos, rotulados como pacientes, quanto doentes camuflados, ou médicos, como queiram chamar. O que mais me entristece é saber que o doente amanha pode ser eu ou você!

Adentrei na medicina ainda jovem e com grandes ideais e concordo que a maturidade é um elemento fundamental para ser um profissional médico, no entanto há algo a mais, um quê necessário para fazer pulsar a vida, o compromisso e o amor para com a humanidade. Não estou querendo igualar a personalidade médica a uma divindade, hoje, vivendo na realidade de uma profissão desgastante, vejo quão difícil é sorrir quando se tem uma noite de estudos pela frente ou quando se está preocupado com um diagnostico raro e difícil de elucidar.

No entanto... Sempre me questiono, aonde foi parar o amor pela medicina, ao menos este, o amor pela ciência, pelo conhecimento deveria ser enaltecido nos dias corriqueiros da saúde pública. Percebo que os acadêmicos de medicina adentram na universidade com aquele ar de vaidade imposto pela sociedade, aquele tão sonhado status. Será que o reconhecimento de um órgão público como o MEC me credencia a tratar de seres humanos? E abdicar de alguns momentos em prol de outro que a mim é alheio?

O que me entristece é perceber que muitos profissionais apenas apresentam uma paixão pela medicina, e, infelizmente, até a ciência já descobriu que a paixão é efêmera, é impulsionante, dependendo do grau de interesse é doentia, mas é efêmera... E como poderemos passar uma vida inteira abdicando de certos prazeres se apenas apaixonados estamos?

Qual seria o segredo para transformar paixão em amor? O que me credencia no aprendizado de amar? Qual a dificuldade de enxergar no paciente um ser, repleto de sonhos, convicções, anseios, ideais? O que é ser humano?

Por que temer cultivar o autoconhecimento antes de divagar sobre os problemas e as soluções dos pacientes?Medo? Dúvida? Imaturidade? Ganância?

E por que falar? Responder a tudo? Calar? Ou simplesmente pensar...