segunda-feira, janeiro 25

No escuro, no show

As luzes não acenderam, todos esperavam ansiosamente... O escuro pairava e enchia os duvidosos corações dos espectadores, de calma, serenidade e curiosidade... Alguns olhos insistiam em procurar algo a fitar, mas, vorazmente percebiam que qualquer paisagem seria menos estonteante do que aquele escuro.


De repente, todos começaram serenamente a viajar num singelo som que acarinhava os ouvidos sensíveis e atentos da platéia, e, em poucos segundos cada alma ali presente irradiava uma energia capaz de romper totalmente o silêncio dos olhares, até dos mais sombrios...

Pouco a pouco a delicada e madura voz balbuciava palavras ao coração, a emoção era arraigada; e atônitos todos tentavam enquadrar a emoção com algo já sentido, presenciado. Mas inútil era a tentativa, pois, o público estava acostumado com uma emoção sintética, dialética, linear.

E como ingênuas crianças, que aspiram à vida pela primeira vez, se entregavam a uma nova e deliciosa experiência, mergulhando na expertise da emoção dualista, racionalizada com um quê de paixão e amor. Uma emoção que era o próprio amor, a verdade, o frisson, a insensatez, a calmaria, a sabedoria, o olhar, o sabor, o gesto, o silêncio.

Por algumas horas, o silêncio timidamente tornava-se cúmplice da música ao testemunhar tamanha magia, era a arte sendo expressa da forma mais singela, humilde, simples e inesquecível. O que me encantou na platéia daquele tremendo espetáculo foi à percepção de harmonia que emanava dos corações do teclado, da bateria, do contrabaixo, por um momento, senti que os instrumentos tinham alma, espírito e encantavam pela felicidade transmitida.

Percebi que um amor apaixonado poderia ser a explicação para tamanho espetáculo... E por um instante me despi dos questionamentos, das dúvidas, e me joguei nos braços da emoção, me permiti apenas sentir.

Senti a verdade, a musica, escutei cada palavra que o coração da bateria gritava, senti o sopro de cada respiração do teclado, e sorvi o sabor de vida que emanava do âmago do contrabaixo... Mais uma vez me apaixonei pela vida e agradeci por ter presenciado tamanha emoção, na exatidão, no escuro.





domingo, janeiro 10

Em 2010...


Se você tivesse a oportunidade de ver, por um momento, a beleza da vida com a singularidade de quem está a contemplar o mundo pela primeira vez se encantaria? Ou encheria de amargura, por perder a capacidade de sentir e por perceber as coisas como elas realmente são?

Desenharia novos objetos? Daria novos nomes as cores? Novos significados a vida... Ou se habituaria a aprender e aceitar os velhos nomes, paixões e amores...

Ouse ... simplesmente porque na vida tudo é uma questão de escolha...

segunda-feira, janeiro 4

Revelações em Olhares

O olhar desnuda o ser em seu mais profundo segredo,
tornando-se revelável aos olhos de quem o foi perceptível
pela afinidade de almas, expondo sentimentos mútuos,
únicos e ímpares em um espaço de tempo mínimo, porém eterno.

(Gracinha P. Almeida).


Palavras de uma grande amiga, talento inato, sensibilidade eterna...