domingo, julho 25

Escrever? Hoje eu precisava...

Hoje eu precisava escrever,
Talvez por necessidade de gritar ao mundo os nossos sentimentos mais ocultos,
Talvez pela simples verdade de fazer com que o papel em branco,
Não mais se tornasse vazio como as duvidas que abrigo em mim
Ou as certezas que abrigas em ti.

Hoje eu precisava escrever
Para entender o vazio
O vazio de um sorriso superficial,
O vazio de uma alegria triste,
O vazio da saudade...

Hoje eu precisava escrever
Para entender a saudade do tempo
Ou nos permitir o tempo da saudade sentir
Às vezes percebo que ele tem saudade de tudo que poderia ter sido e não foi
Vejo a lágrima nos olhos por tudo que poderia ter sido e foi
Outras vezes percebo o alivio que o tempo empresta a saudade
Alivio de olhar, experimentar, e, saudosamente curtir o céu de agora

Hoje eu precisava escrever
Para contar ao menino que o passarinho pousou na minha janela...
Para dizer à menina que um coração partido é privilégio de quem vive e se entrega
Para dizer ao velhinho que as lembranças do ontem é que faz a personalidade do agora,
Mas, o ontem precisa ir embora

Hoje eu precisava escrever
Para tentar deixar o mundo mais colorido
Para fazer o azul dos sorrisos tornarem-se roxo,
Pela delicadeza da mistura do azul da dúvida com o vermelho do amor

Hoje eu precisava escrever
Para falar dessa diversidade cultural
Da beleza que há em miscigenar raças, costumes, amores
Para dizer ao mundo como é edificante entender o outro
Como é sutil e estonteantemente bonito viajar por entre mundos alheios
E perceber que cada ser traz em si um quê de duvida, coragem e ousadia

Hoje eu precisava...
Apenas precisava escrever,
Para que sem querer eu terminasse por me encontrar em você
Com o intuito de demonstrar quão grande é a vida, o mundo e os sonhos
Eu precisava lhe convocar para a luta do saber, para demonstrar
Que a profundidade dos desejos nos guia para a felicidade da vida

Hoje eu precisava escrever apenas para dizer: Acredite em você!

terça-feira, julho 13

Mais uma dádida: A do sentir

Depois de tantos questionamentos (que eu adoro), algo para aquietar o coração... singelo e puro? Talvez! rs
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Não!
Não era amor...
Era o frenesi, uma inquietude de almas
Era mais um olhar solto na multidão
Era um caminho de desejos

Não era amor?
Era um telefonema de madrugada
Era um sorriso tímido
Era uma espera descontente
Era uma saudade insaciada
Era uma alegria lacônica por estar junto
Ou era um contentamento por estar momentaneamente distante?
Era o sim, era o não
Nunca era o talvez


Não! Era amor!
Era o som da bossa nova
Era o toque profundo na sintonia de corpos
Era a profundidade de idéias e ideais.
Era o questionar, o sentir, o viver
Era o concatenar de sonhos
Com a força para vencer o impossível
Era o segredo da noite
Era o silêncio do dia
Era o dançar delicadamente no solo da alegria


Não era, amor...
Era o esmiuçar das capacidades
Era o desentender o entendível
Era o acreditar
Era a inconstância
Era vida? Não!


Tudo tão sabiamente se complementava,
Era uma luta de opostos
Pautada em um equilíbrio de iguais
Algumas vezes confusos, outras vezes tenazes
Definitivamente, não era amor!
Por quê?
Ah, Era melhor!

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sábado, julho 10

Relacionamentos... uma autoproposta?

Por ai há quem diga que os relacionamentos são o reflexo da personalidade do ser humano, dizem que quando somos bem nascidos, bem criados tendemos a reconstruir relacionamentos perfeitos por toda a nossa existência. O contraditório de tal afirmação é aceitar a possibilidade de perfeição. O que vem a ser perfeição?

Há quem acredite que perfeição é estar enquadrado nos ditames sociais, analisando-se a conjuntura atual da sociedade, um relacionamento perfeito é aquele em que um ser é o responsável por suprir a relação com afeto, atenção, carinho, enquanto o outro apenas se preocupa em mostrar a sociedade quão feliz eles são. Vejo que a possessividade caminha lado a lado com a perfeição, sempre escuto pessoas falarem meu marido, minha mulher, meu filho, meu homem. Como assim? Em que loja os seres humanos estão vendidos? E qual o preço? Qual o real valor de uma alma, de sonhos, de subjugamentos?

Sou essencialmente apaixonada pelo amor, no entanto, totalmente contra o amor fútil, superficial, o socialmente aceito atualmente. Criam dias de namorados, comercializam casamentos, e assim os contratos vão sendo assinados, as famílias vão se agregando, e fingindo serem perfeitos, apenas se suportam. Odeio a perfeição, ela apenas demonstra que nada precisa de mudanças, e como se vive sem mudar?

Percebo que vivo em movimento constante, nunca sou a mesma pessoa ao acordar, tudo que acontece a minha volta faz com que eu reflita, repense e decodifica minha personalidade. Como posso esperar que os relacionamentos sejam estáticos? Como esperar que aquele homem que se apaixonou por mim (ou por um espelho dele em mim) possa me olhar da mesma maneira, se eu constantemente mudo e ele também.

Como me contentar em estar inserida num mundo social estático, de valores superficiais... Odeio a superficialidade... Ela apenas massifica, e como já dizia o antigo clichê a unanimidade é burra. Não que eu tenha algo contra a burrice, apenas não sei ficar à espera fingindo viver.

Proponho uma reconfiguração de relacionamentos... Proponho a quem? A mim, a você, ao mundo. Reconfigurar relacionamentos não de forma libertina, não visando colecionamento de amantes, isso seria mais uma apologia a superficialidade... Proponho relacionamentos livres de amarras sociais, livre de preconceitos, livre de regras burlescas, infames e vis. Quem falou que eu realmente preciso lembrar todas as datas especiais ou convencionadas por alguém? Tenho que abdicar do dia em que eu escolhi para ser meu em prol de alguém apenas por obrigação? Quero ter o direito de estar em minha companhia e quero também entender que há dias que não há possibilidade de eu desfrutar a companhia de outrem. Porque esperar uma ocasião especial para dizer que se ama? E por que esperar que o amor que eu dedico a alguém seja igual ao que esse mesmo alguém deva dedicar a mim?

Quero ir de encontro a convenções que danificam relações. Quero ter o direito de falar, de silenciar, e de ouvir. Quero entender o que se passa no mundo das pessoas que estão a minha volta. Quero pessoas autênticas, que não precisem fazer exuberância para me impressionar. Quero simplicidade, realidade, verdade repleta de erros e acertos, por que não?

Porque há tanta necessidade em gritar ao mundo que estamos felizes? A felicidade real não precisa ser um troféu que me destaque dos outros, ela precisa ser sentida, entendida, apenas deleitada. Quero ter o direito de dizer um até logo. Quero ter o direito de viver apenas a minha vida, de ter segredos comigo, quero ter o direito de estar em lua de mel com minha essência. Talvez pareça até egoísmo tamanha proposta, mas como posso dar o melhor de mim numa relação se eu não tiver plena convicção do que o melhor de mim significa? Para que desperdiçar energia mostrando ao mundo que tenho uma relação perfeita? Não tenho tempo para isso! Não mais.

Prefiro vivenciar a liberdade do relacionamento. Quero ser lembrada por uma bobagem como um sorriso, quero ser procurada num momento de desespero, e quero até ser esquecida num momento enorme de felicidade para que assim a liberdade seja uma característica dos meus relacionamentos...

Quero ser amada por ser livre... Talvez você nem perceba o quanto eu sou feliz, talvez o mundo me critique por achar impossível amar de maneira tão livre e profunda, quem sabe alguém me compreenda... Decidi aceitar a autoproposta  e você?