terça-feira, junho 30

Mais uma ousadia de viver... Auto retrato


Estava eu viajando em meus pensamentos, férteis como sempre, e comecei a analisar a vida, percebi cada pedacinho de inconseqüência, analisei cada sorriso, relembrei cada lágrima, recordei cada sonho... E os sonhos... Ah! Aqueles de infância, singelos, puros, deliciosamente ingênuos. E me remetendo saudosamente àquele quê de ingenuidade, fui percebendo como a minha vida é dinâmica, percebi como eu sou uma pessoa mutável, sincera e fiel a mim, até quando tenho aquele peculiar dom de confundir quase todos os meus sentimentos.

Hoje, percebo que estou mais ou menos no lugar onde me imaginei quando criança, sonhos profissionais, alguns resolvidos, outros encaminhados... Sonhos românticos, tão sonhados na adolescência, como eu esperei encontrar o meu grande amor... e encontrei, não diria o único grande amor da minha vida, mas diria que encontrei um, e vivenciei momentos excepcionais... Sabe aqueles momentos que marcam a alma? Que você tem a ousadia de querer parar o tempo, e até a sua própria evolução para não perder aquela dádiva de sentir aquele certo olhar, a ingenuidade de amar? ... Mas... O tempo não pára, felizmente. E o meu primeiro grande amor, foi algo delicioso de ser vivido, e também tão efêmero...

E como as primeiras notas de uma bela canção, o amor se foi, e chegou aquele momento, não menos delicioso, de desilusão... Aquele momento em que você quer parar o mundo para dizer a todos que você está sofrendo. E sabe o que acontece? Nada. O mundo simplesmente não pára, as pessoas nem julgam a sua dor... Simplesmente porque aquela dor é o alimento necessário para lapidar a sua personalidade. É naquele momento de tristeza que você consegue se conhecer, e o curioso, é que é uma das viagens mais apaixonantes que se pode fazer em qualquer existência. Não que eu cultue a tristeza, sou fã da alegria, mas... O aprendizado que a tristeza traz, tem lá seus encantos...

E como um passe de mágica, você percebe que a vida, fica gradativamente mais bonita, você começa a perceber a beleza que estava alheia a momentos que outrora eram cinza... E hoje, sabe-se lá porque, estão estranhamente coloridos. Você começa a perceber as pessoas que estavam sempre ali a sua volta. Percebe velhos amigos...

Ah, os amigos, existe dádiva melhor na vida do que ter amigos... O engraçado na amizade é que você sente que o amigo é um pedaço seu. Lembro das minhas grandes amizades... Como é gostoso ver a alegria estampada no olhar de um amigo, como é delicioso perceber que o seu amigo é uma pessoa tão excepcional e tão humana, que chega até a te decepcionar algumas vezes... E isso machuca, dói, às vezes bem mais do que qualquer dor de um grande amor... Mas, como a vida é tão dinâmica... Você sempre encontra a oportunidade para consertar velhos erros. E gradativamente você vai ficando menos intransigente, você apreende que pessoas erram... E o mais drástico, você entende que também erra... E, assim, velhas amizades são refeitas. São reatadas com antigas letras, mas com novos acordes da canção da vida. E assim, surgem novas emoções ao som de letras antigas... É nesses momentos que a gente entende como vale a pena viver...

E tal qual é a vida... A maturidade vai lhe ensinando a questionar... Vai lhe ensinando a impor regras a sua vida... Você começa a querer sorver todas as informações que o mundo dispõe, devora conhecimentos, idéias, ciência... Se sente fortalecido, principalmente quando toda essa busca é utilizada como uma maneira de ajudar alguém, ou de auto-ajuda.

E o jocoso nessa aventura de viver, é que você termina por perceber que não é tão diferente dos outros, você percebe que alguém já teve a sua idéia outrora, percebe que suas palavras já foram ditas ou escritas, e que aparentemente você é tão comum como os outros, mas... Também percebe que a sua forma de ser, de falar, de questionar, de brigar, pode até ser semelhante, mas é única... Você percebe que pode expor o mesmo pensamento, mas com olhares diferentes, e termina acreditando que você está no lugar certo, com as pessoas certas, e aprendendo com toda a grandeza e toda a alegria contida na força de viver em paz e alegre como sempre. E como quem não quer nada... Você agradece a vida essa grande oportunidade, e se joga em busca de novas experiências, de novos erros e de novas conquistas.

quinta-feira, junho 25

Em busca dessa tal liberdade

É um tanto clichê assumir que liberdade é a capacidade de ser livre, de voar, e de defender seus pontos de vista, diria que certas definições de liberdade chegam a soar como piegas. Dizem ao vento que nós somos quem escolhemos ser, temos liberdade de escolha, será que de fato teremos essa tão sonhada liberdade?

Liberdade de escolher que a miséria é a mãe do mundo? Liberdade de escolher que os hospitais estarão sempre sucateados? Liberdade de escolher que as escolas não mais terão recursos a merenda? Liberdade de escolher a vida...

Fico pasma com essa tal liberdade, uma liberdade que nos prende que nos incapacita até de raciocinar conforme os nossos preceitos e conceitos, pois, até no mundo acadêmico não temos a liberdade de questionar o que aprendemos, pois, não nos é ensinado a pensar, a questionar, somos sempre expostos a ideais prontos.

Nietzsche, Foucault, Durkein, Platão, Lacan, eles sim tiveram liberdade, liberdade de pensar, foram ousados, e seguiram adiante no mundo fascinante das idéias.

É jocoso supor que a liberdade freudiana estava diretamente atrelada à sexualidade, e como poderíamos ser livres se estávamos sendo comandados por um desejo, seja ele no âmbito de ID, EGO, ou SUPERGO?Poderíamos, então, recorrer à liberdade Nietzscheana, aquela em que encontramos a felicidade dentro de nós mesmo, buscando uma liberdade incondicional. Como ser livres se olvidamos de conhecer-nos? A liberdade pregada por Nietzsche poderia ser observada nos dias atuais? Será que de fato teríamos um arcabouço emocional que nos permitisse ser, de veras, livres?

Infelizmente, a cada passo que damos em direção a liberdade nos escravizamos mais, buscamos tanto saciar nossa sede de liberdade que permanecemos escravos do nosso desejo de ser livre, paradoxal, não?

Então, poderíamos inferir que a liberdade é utópica, portanto, inexiste na cultura ocidental? Como ser livres se estamos presos a nós mesmos?

O estado dúbio exacerba quando percebemos que somos manipulados constantemente por fatores adjacentes a nós, a mídia, formadora de opinião é tão potente que passa uma mensagem subliminar de prisão. Há aqueles que afirmam que são ilesos a prisão, que são livre e não se “prendem” a nada, nem a ninguém. E, então com uma sabedoria freudiana confundem liberdade com inconseqüência.

Será que realmente estamos preparados para sermos livres? Será que suportaríamos criar as nossas regras sociais, e conseguiríamos manter o ideal de liberdade? Criar regras na sociedade já uma forma de acabar com a liberdade...

Talvez não precisemos ser livres, quiçá precisemos nos conhecer um pouco mais, conhecendo, sorvendo a vida em todos os âmbitos e profundidades, assim, poderemos ser livres pensadores, e finalmente poderíamos entender que o simples fato de questionar já nos deixa um pouco mais liberto... Eu continuo a buscar a minha liberdade, e você?

Apenas mais uma história de São João?

E a fogueira estava queimando, com ela se despedia cada pedacinho de sofrimento, e a luz da noite junina era enaltecida, era inebriante. Observava-se cada sorriso de casais apaixonados, de casais amantes. Ao som do mais autentico forró, a vida renascia reluzente.

A vida renascia sim, com aquele quê de otimismo, com o quê de sinceridade, a saudade não mais existia. Apenas sorrisos, olhares e movimentos coordenados embalavam os sinceros segredos abduzidos do fresco da alma.

Foi então que de repente, não mais que de repente, se avistou um olha. Olhar? Sim, olhar que já foi bem conhecido, olhar reconhecido seria a melhor forma de traduzi-lo. Olhar de um homem para com uma mulher, ou seria olhar de uma mulher para com um homem? Pouco poderia se entender, apenas o que se sabe era que o olhar era aquele mais arrepiante já observado.

Uns diziam que era olhar de raiva, outros diziam que era olhar de amor, mas, naquele instante pude perceber que se tratava de um simples olhar de aceitação misturado com um quê de ternura, e o por que não de saudade?

Os olhares eram incógnitos percebia-se que havia uma necessidade de entendimento, uma necessidade enorme de compreensão, uma enorme necessidade de se acabar com as ilusões e as discórdias.

Os fogos eram testemunhas, a sanfona calou-se, por um instante, diante de tamanha dúvida, todos se entreolhavam e questionavam onde estava o erro. E pouco a pouco, todos ratificavam que o erro não mais existia. Que os erros criados eram apenas uma forma de se defender da vida, dos sonhos e do passado.

Engraçado perceber que seres humanos teimem em se esconder da felicidade. Qual o problema em ser feliz? Qual o real problema em dividir? Existe algum problema em haver equilíbrio entre razão e emoção? Existe algum motivo?

E assim, os olhares foram entendendo o porquê das desavenças e foram compreendendo que sempre fizeram parte de um inteiro, foram percebendo que são exatamente iguais e por tal motivo se amam, se admiram e se temem mutuamente.

Os olhares finalmente se entenderam? Sanaram as arrebatadoras dúvidas da vaidade e do orgulho? A fogueira entre cinzas fora incapaz de responder tais questionamentos, mas, no coração de todos que presenciaram tamanha magnitude diante da vida, a esperança brota com a certeza de que cedo ou tarde, a verdadeira canção será impetuosamente administrada, sentida e nunca mais banida...

segunda-feira, junho 15

Desabafo

Acabo ler um pouco sobre a greve da maior universidade do nosso país, a USP, fiquei indignada como continuamos a andar para trás em nossas relações humanas e na nossa busca pelo poder e por subjugar o outro.

O fato me preocupa com o rumo que o nosso país está tomando, como os profissionais responsáveis pela educação, a riqueza de um país, simplesmente apóia uma briga que consiste em uma luta neandertal, onde foi parar a nossa teoria da evolução, de que adiantou tantos livros lidos, tantos temas debatidos, se ao se analisar de perto, todos nós somos rebaixados a meros seres que resolvem suas diferenças com armas, com luta e com violência?

Como ensinar aos jovens que o verdadeiro poder esta na habilidade de se relacionar com o ser humano, e na capacidade de questionar a vida, defendendo seus ideais, com racionalidade, inteligência e determinação?

Estou perplexa diante de tamanha violência, e fico apreensiva ao perceber que as pessoas ditas como intelectuais brasileiras estão sendo tão ou mais inconseqüentes que os nossos antepassados. Que as atitudes sejam revistas, que a inteligência seja enaltecida, e que o nosso país possa um dia se desenvolver junto com a luz do conhecimento e da paz!