sexta-feira, abril 27

Sutilmente, falando a verdade


Acho que estou ficando velha, é devo estar. Antigamente as pessoas eram mais livres. Tenho saudade desse sentimento! A liberdade era tão natural, os relacionamentos eram de verdade, tinha aquele quê de romance. O olhar no olho, o sentir com a voz. Tinha a paquera, a conquista, a forma de querer bem que com uma inocência impar ia se tornando quase cinematográfica. Adoro cinema.

De quando sou? Dos anos 80. 1983 meu ano de nascimento. Parece que nem faz tanto tempo assim, não é? Fui criança, brinquei de boneca, subi no telhando, fiz trilha de bicicleta e joguei muito vídeo game. Sonic era meu jogo favorito, lembro bem. Cresci ao som de É o Tchan, que antes fora gera samba.

Na minha adolescência tive paixonites agudas, entendi o que era ficar, namorar, beijar. Mas, ratifico, era tudo diferente. Existia o frio na barriga ao avistar o menino mais bonito da escola, que por vezes nem sabia que eu existia. E as paixões impossíveis?  É! Definitivamente não pulei etapas. Vivenciei cada idade com a intensidade que ela me permitia.

Ninguém mais lê o pequeno príncipe, nem que seja por e-book. Hoje a inocência está sendo pautada com malicia. A idade adulta chega cedo. Os sonhos estão tão consumistas e tão vazios. E há quem diga que a minha geração, a geração Y melhor dizendo, já tinha sido avançadinha em certos aspectos.

Pasmo ao ver crianças gravidas. Na minha escola tinha meninas que engravidaram cedo também, mas hoje, não é o sexo que está errado, e sim, a maneira como tudo está sendo conduzido. O desejo é gritante, e, é muito bom desejar e se sentir desejado. Mas o importante mesmo é ter todo o jogo de sedução peculiar a cada idade. Pulando etapas terminaremos por burlar qualidade.

O toque. O descobrimento do toque sem pudor, eis o mais importante. A magia de ir descobrindo o próprio corpo e o do parceiro é mais gostoso quando feito lentamente. Aos poucos, quando descobrimos também o que almejamos da vida. Quem somos...

Na adolescência parece que a vida da gente vai acabar em um segundo e temos que viver tudo, com intensidade, e rapidamente. Terminamos por perder o melhor do premio que é a forma de nos conduzirmos até ele.

Hoje percebo que há uma enxurrada de informações, todos são detentores de um saber ser que termina por gerar mais confusão do que comunicação. Quem está nos ensinando que tão importante quanto usar um preservativo é ter um elo interessante com o nosso parceiro? Alguém se esqueceu de falar que para se ter um sexo prazeroso a ligação emocional é fundamental. Com isso não estou querendo dizer que é necessário casar para poder ter um relacionamento sexual saudável, porque iremos terminar por repetir o erro dos nossos antepassados que ao se casarem rapidamente aniquilavam toda forma de sentir prazer, por simplesmente se desconhecer... Quiçá conhecer o outro.

Os distúrbios sexuais estão lotando as salas de espera dos terapeutas. Porque tanto problema por algo que faz tanto bem ao ser humano? É o que vivo me perguntando.  Alguém já parou para perceber o parceiro hoje? É importante cultivar a admiração, o jeito de falar, aquela forma especial que ele tem de sorrir com olhos entreabertos. A maneira calma de caminhar. A garra para lutar por seus ideais. O cuidar com a família. Já notou como aquele defeito e a forma de brigar com você pelo seu atraso é um charme? E a inteligência? Alguém discute Clarice Lispector melhor do que ele? Isso tudo sem falar no gosto musical...

É isso que está faltando. Não precisa mandar rosas. Não precisa comprar um carro novo após uma briga. O que realmente encanta é a simplicidade. Um recado no mural do face book. Torpedos para celular só para mandar um oi. Um abraço gostoso ao se encontrar. Tão simples e tão eficaz.

É definitivamente estou envelhecendo. Estou a cada dia me importando com coisas mais simples, esquecendo certos valores monetários. Adorando a gentileza. A vida está me proporcionado mais qualidade mesmo trabalhando e estudando por longas horas. A vida está sorrindo para mim. Minhas relações? Ah, essas estão cada vez melhores...


sábado, abril 14

Idas e Voltas ao passado

Quanta saudade... Nunca mais escrevi para esse blog! Aqui vai mais um devaneio! Make yourself at home... E todo seu, pode chegar e se deliciar com a leitura e ler sem compromisso algum com o tempo ou comigo. ;-)
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Hoje eu estava admirando o tempo antigo, sem entender bem o porquê de tanto encantamento pelo que passou... Eu e minhas dúvidas, sempre! Acho que elas me movem...

O antigo é simplesmente fantástico, acho que porque a gente nunca mais vai poder interferir nele, desse jeito no passado ficam todos aqueles devaneios, sempre aquela sensação do “e se tivesse acontecido de outra maneira”.

 Mas, hoje o que me encanta mesmo são todos aqueles tempo que eu não vivi... a beleza do surgimento do bossa nova, o surgimento da fotografia. Fico imaginando o quanto especial foi alguém que pensou em gravar momentos em papeis para se eterniza-los, como se tudo realmente pudesse ser eterno...

Penso naquela época do feudalismo, as capitanias, como é que as pessoas aguentavam sobreviver com tamanha precariedade, se bem que acho que se hoje eles tivessem vendo a nossa realidade diriam que estávamos precários em tantos aspectos... Mas deixa isso para lá...

Encantam-me lembrar dos poetas do romantismo, eles eram tão apaixonados quanto jovens, e, sabiam que ia morrer cedo, mas se entregavam de corpo e alma. Acho que eles tinham respostas para suas duvidas, ou não... Já que, repito, as dúvidas são sempre o que movem o mundo...

Vinicius de Moraes e Tom Jobim quanta malandragem, de veras queria tê-los conhecido, quiçá me apaixonar por um deles e viver um grande amor tão reprimido quanto sua época... Naquele tempo nada era permito e tudo era construído, sinceramente não acho que as pessoas eram mais lutadoras ou inteligentes, mas acho que eram as que faziam mais barulho... E que barulho sonoro maravilhoso...

Ah, a doce e amarga Clarice Lispector, sempre com suas duvidas revestidas de certeza, quem a lê consegue perceber pelas entrelinhas o quanto a dúvida e a busca por saber, por ser e por viver foi constante em seus escritos...

Continuo fascinada pelas coisas de antigamente, a luxúria camuflada em inocência, pois, tudo era realizado da maneira que hoje, mas tinha um quê de pureza... Acho que sofreria muito se vivesse naquela época, mas com certeza seria um sofrimento bastante divertido.

O bondinho, a impossibilidade de voar, o golpe militar quantas influencias culturais para mover o mundo. A bancarrota de 1929, o mundo extasiado por estar em uma crise que parecia o fim do mundo, pois é caro amigo leitor o mundo não se acabou... E, sinceramente, creio que não se acabará. Não  para todo mundo, não da forma que prejulgam.

Mas que havia um quê de mistério e de magia naqueles tempos, ah, isso havia... Não queria estar lá. Não queria viver todas as dúvidas impostas pela igreja, pela religião. Mas, queria ter a oportunidade de passear por todo aquele tempo como expectadora para me deliciar com a graciosa arte da observação. Cada sorriso por uma nova descoberta. Cada frustração por uma tentativa que poderia ter dado certo.

Andar por entre becos e ruas e perceber a escuridão que sanaria todos os medos supérfluos do escuro. Seria uma viagem maravilhosa. E Seria mais maravilhosa ainda por ser apenas uma viagem. Por eu poder voltar e viver nesse mundo louco do presente ou futuro, porque tudo dependeria de um ponto de vista. Meia noite em paris ou meio dia em João Pessoa. O passado e o presente-futuro caminhado de mãos dadas. Que delícia. Não?

É o que tenho a dizer, repleta de sonhos e duvidas com o passado, é maravilhoso pode olhar para o mundo com a certeza de que estamos no tempo e no lugar correto. Mas que o passado me encanta e que uma viagem a ele seria como visitar um museu itinerante, simplesmente fantástico... Doces e repletas e mágicos momentos vividos, tão encantadores por morar em nosso imaginário e não poder mais voltar... Como é bom devanear...