sexta-feira, março 20

Erros humanos

É inacreditável o cenário em que o mundo esta desenhado hoje em dia... Ou melhor, mundo não, a humanidade... As pessoas estão cada vez mais industrializadas, rotuladas, mecanizadas, descrentes e amedrontadas.

Se observarmos bem de perto, apenas nos restará sonhar encontrar, by chance, em um supermercado, numa prateleira qualquer, um pacote de amizade industrializada ou de solidariedade rotulada. Será que como troco teríamos a honra de receber algumas moedas de entendimento e admiração pelas relações humanas?

Relações humanas? E elas existem? As pessoas estão gradativamente perdendo a sensibilidade, falar de amor está se tornando um crime inafiançável, vivenciar o amor então, é mais louca das loucuras. O lastimável é vislumbrar que o primeiro amor esquecido é o auto-amor, amor-próprio, como queira denominar...

As pessoas estão se abandonando, simplesmente, porque conviver consigo mesmo é uma experiência, no mínimo, tortuosa. É difícil olhar para uma imagem refletida no espelho e aceitar que logo ali, há um ser passível de erros. Erros efêmeros, erros eternos, erros racionais, erros emotivos, erros complexos, erros simplórios... Erros humanos.

Fugir do erro é tão ou mais fácil que fugir do acerto, acertar é muito mais burlesco, pois, acertando há impossibilidade de aprendizagem, impossibilidade de vivenciar novas experiências. Acertar significa que tudo está no seu devido lugar. Tudo correto, tudo mecânico, tudo regido por leis... leis? Imposta por alguém... Por quem? Por uma sociedade? E quem ensinou a regra à sociedade? E quem foi o ser precursor? Talvez seja aquele que nunca errou... Mas como ele poderia ter acertado?

Talvez a necessidade de acertar sempre exista para garantir a impossibilidade da solidão. E qual o problema em estar só? Estar só não significa estar solitário, tampouco está correto, estar só é tão significativo por nos fazer aperceber de que a auto-companhia é importante, suficiente, deliciosa, errada e correta, completa.

É através de momentos de auto-compahia que nos reconectamos com a nossa essência, são em pequenos instantes que conseguimos decodificar as nossas dúvidas e certezas, é quando conseguimos apenas ser... Quando começamos a entender a nossa relação com mundo, com os seres, com a humanidade. Estar acompanhado apenas pelo nosso âmago nos faz lapidar os nossos sentimentos mais íntimos, as nossas ambições e lamentações. Tornando-nos mais fortes e conscientes do nosso potencial.

Talvez você precise de um momento só, talvez você precise entender que os seus erros são importantes para o seu crescimento... Talvez você precise acertar; talvez você precise aprender e entender as relações humanas baseando-se exclusivamente na sua relação intrapessoal .Talvez você precise ser um mero espectador da vida... Ou, quem sabe, você precise apenas ser... HUMANO.



“Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um.”

2 comentários:

  1. Huhuhu, encontrei alguém que possui uma visão de mundo parecida comigo!
    Eu penso nisso no que você acaba de escrever, como o mundo anda diferente. Ainda bem que eu ainda sei o significado do "amor", sei como é bom amar, ser amada, sem ter vergonha de expor isso ao mundo.
    Sei o significado de verdadeira amizade sem interesses por trás de tudo. Ser uma companhia leal nos faz diferente de certas "bicheiras" que tem por aí, que se aproxima de nós só para tirar vantagem.

    Espero que você também seja diferente, que também saiba valorizar as pessoas e sentimentos como eu.

    Adorei seu texto, muié *-*~

    ResponderExcluir
  2. Falou em Foucault e Nietzsche, ja leu Durkheim???
    De 1900... a 2009, será que o ideal dele de SOCIEDADE, de INTEGRAÇÃO E SOLIDARIEDADE ORGÂNICA, vai fazer parte das práticas da vida HUMANA, nesta loucura INDIVIDUALISTA que se encontra a humanidade?
    Van

    ResponderExcluir